SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDICO E COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS

Autores

  • Mariana Brasil Basilico Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESO

Resumo

Introdução: a síndrome do anticorpo antifosfolipídico (SAF) é caracterizada por estado pró-trombótico generalizado em decorrência da presença de autoanticorpos antifosfolipídicos. A SAF pode ser puramente obstétrica quando não há relatos de trombose, apenas de perdas fetais recorrentes, determinando diferentes condutas. Objetivos: analisar os resultados obtidos em artigos publicados em plataformas on line e livros acerca da SAF e suas complicações obstétricas, compreendendo sua fisiopatologia, identificando critérios diagnósticos e tratamento antes, durante e depois da gestação. Métodos: revisão bibliográfica sem análise estatística realizada entre setembro e novembro de 2018 com utilização dos artigos contidos nas bases de dados PubMed, Scielo, Google Acadêmico, NEJM e Cochrane, bem como livros e dissertações. Foram selecionados artigos qualificados como “A” e “B” segundo o Qualis-Periódicos, em inglês e português, publicados após 2008. Discussão: Aproximadamente 20% das pacientes com abortos recorrentes apresentam resultado positivo para anticorpos antifosfolipídicos. Pacientes jovens com complicações como trombose, aborto ou morte fetal recorrentes, pré-eclâmpsia grave, ou síndrome HELLP, devem receber diagnóstico diferencial para SAF. Para aquelas que desejam engravidar e apresentam anticorpos antifosfolipídicos persistentes associada à história pregressa de morbidades obstétricas, recomenda-se a administração profilática de aspirina (81-100 mg/dia). Na gravidez, a recomendação é de que seja iniciada a administração de heparina de baixo peso molecular (LMWH), podendo ser administrada concomitantemente à aspirina em baixa dosagem (LDA). Após o parto, pacientes sem histórico de trombose devem receber uma dose profilática de heparina durante as 6 semanas que seguem o nascimento ou serem submetidas apenas à vigilância clínica, enquanto aquelas com histórico de trombose devem receber a heparina obrigatoriamente. Conclusão: O anticoagulante lúpico, isolado ou associado aos outros autoanticorpos, é o principal causador de complicações obstétricas. Pacientes com SAF que desejam engravidar devem ser acompanhadas em pré-natal de alto risco. Confirmada a gravidez, faz-se necessário o uso de heparina de baixo peso molecular e aspirina para melhores taxas de sucesso.

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Publicado

2019-04-05

Edição

Seção

Saúde da Mulher