SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDICO E COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS
Resumo
Introdução: a síndrome do anticorpo antifosfolipídico (SAF) é caracterizada por estado pró-trombótico generalizado em decorrência da presença de autoanticorpos antifosfolipídicos. A SAF pode ser puramente obstétrica quando não há relatos de trombose, apenas de perdas fetais recorrentes, determinando diferentes condutas. Objetivos: analisar os resultados obtidos em artigos publicados em plataformas on line e livros acerca da SAF e suas complicações obstétricas, compreendendo sua fisiopatologia, identificando critérios diagnósticos e tratamento antes, durante e depois da gestação. Métodos: revisão bibliográfica sem análise estatística realizada entre setembro e novembro de 2018 com utilização dos artigos contidos nas bases de dados PubMed, Scielo, Google Acadêmico, NEJM e Cochrane, bem como livros e dissertações. Foram selecionados artigos qualificados como “A” e “B” segundo o Qualis-Periódicos, em inglês e português, publicados após 2008. Discussão: Aproximadamente 20% das pacientes com abortos recorrentes apresentam resultado positivo para anticorpos antifosfolipídicos. Pacientes jovens com complicações como trombose, aborto ou morte fetal recorrentes, pré-eclâmpsia grave, ou síndrome HELLP, devem receber diagnóstico diferencial para SAF. Para aquelas que desejam engravidar e apresentam anticorpos antifosfolipídicos persistentes associada à história pregressa de morbidades obstétricas, recomenda-se a administração profilática de aspirina (81-100 mg/dia). Na gravidez, a recomendação é de que seja iniciada a administração de heparina de baixo peso molecular (LMWH), podendo ser administrada concomitantemente à aspirina em baixa dosagem (LDA). Após o parto, pacientes sem histórico de trombose devem receber uma dose profilática de heparina durante as 6 semanas que seguem o nascimento ou serem submetidas apenas à vigilância clínica, enquanto aquelas com histórico de trombose devem receber a heparina obrigatoriamente. Conclusão: O anticoagulante lúpico, isolado ou associado aos outros autoanticorpos, é o principal causador de complicações obstétricas. Pacientes com SAF que desejam engravidar devem ser acompanhadas em pré-natal de alto risco. Confirmada a gravidez, faz-se necessário o uso de heparina de baixo peso molecular e aspirina para melhores taxas de sucesso.Referências
(1) Ahluwalia J, Sreedharanunni S. The Laboratory Diagnosis of the Antiphospholipid Syndrome. Indian J Hematol Blood Transfus. Jan/Mar 2017; 33 (1): 8-14.
(2) Schreiber K, Hunt BJ. Pregnancy and Antiphospholipid Syndrome. Semin Thromb Hemost. 2016 Set; 42 (7): 780-788.
(3) Garcia D, Erkan D. Diagnosis and Managment of the Antiphospholipid Syndrome. N Engl J Med. 2018 Mai; 378 (21): 2010-2021.
(4) Schreiber K, Sciascia S, Groot PG de, Jacobsen SRuiz-Irastorza G et al. Antiphospholipid syndrome. Nat Ver Dis Primers. 2018 Jan; 4: 18005. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29368699.
(5) Marchetti T, Cohen M, Moerloose P de. Obstetrical Antiphospholipid Syndrome: From de Pathogenesis to the Clinical and Therapeutic Implications. Clin Dev Immunol. 2013 Jul; 2013: 159124. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/jir/2013/159124/.
(6) Mulla MJ, Brosens JJ, Chamley LW, Giles I, Pericleous C et al. Antiphospholipid antibodies induce a pro-inflammatory response in first trimester trophoblast via the TLR4/MyD88 pathway. 2009 Aug; 62 (2): 96-111.
(7) Groot PG de, Meijers JC. β2-Glycoprotein I: evolution, structure and function. J Thromb Haemost. 2011 Jul; 9 (7): 1275-1284.
(8) Arachchillage DRJ, Laffan M. Pathogenesis and management of antiphospholipid syndrome. Br J Haematol. 2017 Jul; 178 (2): 181-195.
(9) Calame K, Cancro M, Carter RH, Cyster J, Kearney J, Kelsoe G, Neuberger M. Resposta Imune Adaptativa. In Murphy K Imunobiologia de Janeway. Tradução da 8. Ed. Porto Alegre. Artmed; 2014. 334-386.
(10) Willis R, Gonzalez EB. Pathogenic mechanisms of antiphospholipid antibody production in aantiphospholipid syndrome. World J Rheumatol 2015; 5 (2): 59-68.
(11) Cheng S, Wang H, Zhou H. The Role of TLR4 on B Cell Activation and Anti-B2GPI Antibody Production in the Antiphospholipis Syndrome. J Immunol Res. 2016; 2016: 1719720. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/jir/2016/1719720/.
(12) Abbas AK, Lichtman AH, Pillai S. Imunidade Inata. In Abbas AK Imunologia Celular e Molecular. Tradução da 8. Ed. Rio de Janeiro. Elsevier; 2015. 51-86.
(13) Giannakopoulos B, Krilis AS. The Pathogenesis of the Antiphospholipid Syndrome. N Engl J Med. 2013 Mar; 368 (11): 1033-1044.
(14) Naoum FA. Coagulopatias adquiridas e hereditárias. In Naoum FA Doenças que Alteram os Exames Hematológicos. 2. Ed. Rio de Janeiro. Atheneu; 2017. 197-216.
(15) Jesus GR de, Jesus NR de, Levy RA. Trombofilias. In Montenegro CAB, Rezende Filho J Rezende Obstetrícia. 13. Ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan; 2017.
(16) Monteiro JBB. Implicações materno-fetais da síndrome antifosfolipídica [Dissertação]. Coimbra: Universidade de Coimbra, Faculdade de Medicina, área científica de Medicina Interna; 2011.
(17) Perucci LO. Pré-eclâmpsia: avaliação da endoglina solúvel, fator de crescimento transformante beta-1 e receptores solúveis do fator de necrose tumoral alfa [Dissertação]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, curso de Farmácia, 2013.
(18) Oliveira LG de, Karumanchi A, Sass N. Pré-eclâmpsia: estresse oxidativo, inflamação e disfunção endotelial. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2010 Dez; 32 (12): 609-616, Dec. 2010 .
(19) Miyakis S, Lockshin MD, Atsumi T, Branch DW, Brey RL, Cervera R, et al. International consensus statement on an update of the classification criteria for definite antiphospholipid syndrome (APS). J Thromb Haemost. 2006; 4:295-306.
(20) Gómez-Puerta JA, Cervera R. Diagnosis and classification of the antiphospholipid syndrome. J Autoimmun. 2014 Fev/Mar; 48-49 (2014): 20-25.
(21) Pengo V, Banzato A, Bison E, Denas G, Zoppellaro G et al. Laboratory testing for antiphospholipid syndrome. Int J Lab Hematol. 2016 Mai. 38 (1): 27-31.
(22) Descritores em Ciências da Saúde: DeCS [Internet]. Ed. 2017. São Paulo (SP): BIREME / OPAS / OMS. 2017 [atualizado 2017 Mai; citado 2018 Nov 19]. Disponível em: http://decs.bvsalud.org.
(23) Lopes MRU, Danowski A, Funke A, Rêgo J, Levy R, Andrade DCO. Update on antiphospholipid antibody syndrome. Rev Assoc Med Bras. 2017 Nov; 63 (11): 994-999.
(24) Kutteh WH. Antiphospholipid antibody syndrome and reproduction. Curr Opin Obstet Gynecol. 2014 Ago; 26 (4): 260-265.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
AUTORES QUE PUBLICAM NESTA REVISTA CONCORDAM COM OS SEGUINTES TERMOS:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à Editora UNIFESO o direito de primeira publicação em qualquer de suas revistas, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e da publicação inicial em qualquer das revistas desta Editora.
- Autores concedem à Editora UNIFESO o direito de publicar qualquer versão do trabalho, seja em formato escrito ou em formato áudio-visual, em qualquer de suas revistas ou em sites com os quais mantenha parceria científica.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada pela Editora UNIFESO (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial em qualquer das revistas da Editora UNIFESO.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
DECLARAÇÃO DE NÃO PLÁGIO
- O(s) Autor(es) declara(m) que o trabalho submetido para avaliação e publicação nas Revistas da Editora UNIFESO foi por ele(s) escrito, ou em co-autoria, e não constitui plágio de outros estudos existentes na literatura pública ou privada.
- Declara(m), também, que as citações, diretas ou indiretas, assim como tabelas, gráficos, fotografias e idéias obtidas em diferentes publicações e utilizadas no presente trabalho, estão corretamente referenciadas.
- Declara(m) ciência que a utilização de material de terceiros sem a devida citação e autorização, quando esta for necessária, constitui crime previsto na legislação brasileira, ou internacional da qual o Brasil seja signatário, e responsabiliza(m)-se civil e criminalmente por atos ilegais decorrentes desta submissão.