A GOVERNANÇA NA PERSPECTIVA DAS ERTs BRASILEIRAS: O CASO DA HAGA S/A

Autores

  • Michelle Muniz Bronstein CCT/UNIFESO
  • Edenise Antas
  • Carla Avellar Cerqueira
  • Grasiela Cardinot da Silva
  • Allan Cunha Ferreria
  • Thamara Nogueira Vivas Sacilotti
  • Thais Queiroz dos Santos

Palavras-chave:

Governança, Empresas Recuperadas, Brasil.

Resumo

Este trabalho integra um projeto de pesquisa iniciado em 2016 no UNIFESO a respeito da governança, tecnologia social e inovação e relações de gênero no contexto brasileiro das Empresas Recuperadas por Trabalhadores (ERTs) a partir de um caso emblemático: a Empresa Ferragens Haga S/A, situada na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Como um dos desdobramentos desta pesquisa, especificamente, apresenta-se neste resumo expandido uma análise a respeito do modelo de governança encontrado na empresa e discute-se a existência de sinergia entre as práticas de governança adotadas e os princípios e valores presentes em empresas autogestionárias anunciados pela literatura. Como resultados, percebeu-se que em função da HAGA ter sido uma empresa recuperada por trabalhadores, existe um modelo autogestionário com um elevado grau de participação destes trabalhadores em seus processos decisórios e de governança. Ainda que a gestão praticada na empresa obedeça a critérios e rigidamente fixados pelas regras de mercado e instâncias de controle externo tais como a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e a Bovespa, as soluções de governança adotadas desde o processo de recuperação até sua manutenção e lucratividade têm implicado na revisão de paradigmas em todos os níveis dentro da organização. A governança da empresa é estruturada em dois alicerces institucionais: a Associação dos Funcionários de Ferragens Haga S/C (AFHA), uma associação sem fins lucrativos controladora de 72,7% do capital da empresa HAGA, e; a empresa propriamente dita, “HAGA S.A. Indústria e Comércio”, uma companhia aberta cujo capital passou a ser negociado em bolsa em 1986. Esta caraterização se torna sui generis, na medida em que práticas de governança adotadas na organização ao mesmo tempo em que obedecem ao padrão das empresas capitalistas tradicionais, trazem em si as marcas do processo de recuperação que envolvem sua história e memória.    

Biografia do Autor

Michelle Muniz Bronstein, CCT/UNIFESO

Administradora, Doutora em Administração e Mestre em Comunicação Social. Professora do Curso de Engenharia de Produção do Centro de Ciências e Tecnologia - CCT/UNIFESO

Referências

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Publicado

2018-06-29

Edição

Seção

Artigos CCT