CULTURA ORGANIZACIONAL DA INOVAÇÃO: UMA REVISÃO DE CONSTRUTOS
Palavras-chave:
CULTURA ORGANIZACIONAL, INOVAÇÃO, CONSTRUTO, TEORIA DA FIRMA, AMBIDESTRIA ORGANIZACIONALResumo
A partir do último quarto do século XX, uma mudança, de enorme impacto, vem sendo sentida sobre como a Teoria da Firma percebe a inovação. A Teoria Evolucionária da Mudança Econômica reforça as ideias de Schumpeter sobre a importância – não da inovação, mas – da capacitação para inovar, no desenvolvimento de empresas e nações. Neste novo paradigma econômico, a base talvez já não seja mais a atividade de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ou processos. Este era o jogo do passado, o da Organização Industrial. O atual é o da cultura organizacional da inovação, entendida como um ecossistema favorável à inovação, indo além das analogias entre a Economia e a concepção evolutiva das Ciências Biológicas, propostas pelos primeiros neoschumpeterianos. Este artigo relata uma pesquisa cujo objetivo geral é identificar construtos que permitam melhor entender a cultura organizacional da inovação. Conclui-se que toda firma possui sua própria cultura, formada por rotinas de nível estratégico, que podem mesmo chegar a inibir sua capacitação para inovar. Uma cultura organizacional da inovação – propícia às inovações radicais, capazes de mudar até mesmo a própria cultura organizacional – necessita de rotinas dinâmicas (evolutivas), que encorajem a criação de novas rotinas e competências organizacionais, como soluções coletivas, buscando a Ambidestria Organizacional.
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