SINTOMATOLOGIA E COMPLICAÇÕES NO PÓS-PARTO DAS PACIENTES SUBMETIDAS A EPISIOTOMIA

Resumo

Introdução: A episiotomia é o procedimento cirúrgico eletivo mais comum na Obstetrícia. Os tipos mais frequentemente utilizados são a episiotomia mediana (EM) e a episiotomia médio-lateral (EML). Esta incisão é realizada em muitos países como um procedimento dentro da rotina diária de cuidados de parto, apesar das evidências científicas atuais não suportarem seu uso rotineiro. Ideologicamente, tem o objetivo de evitar injúria ao esfíncter anal, trauma perineal, prolapso genital e incontinência urinária e fecal, acelerar o parto e reduzir o risco de trauma neonatal.Contudo, vários estudos têm demonstrado que não há grandes vantagens na episiotomia de rotina. Objetivos: Analisar a sintomatologia e possíveis complicações promovidas pela episiotomia no período pós-parto das pacientes submetidas a esse procedimento, procurando avaliar o real benefício do emprego desta técnica. Métodos: A revisão bibliográfica foi feita com base no tema escolhido, sendo selecionados 15 artigos, compreendidos no período de 2003 a 2018 e provenientes das plataformas PubMed, SciELO, LILACS e Cochrane. Os descritores utilizados na busca foram episiotomy, episiotomies, postpartum. Resultados e discussão: As taxas relatadas de episiotomia variam em diferentes estudos desde 2000, tão baixas quanto 9,7% (Suécia) a tão altas quanto 100% (Taiwan). Na Ásia, as taxas de episiotomia relatadas em 2005 variaram de 42-98%. Na China, a taxa estimada era 82%, No Vietnã em 2013 e em Hong Kong em 2006, mais de 85%. Estima-se que o procedimento seja empregado em 62,5% do total de partos nos Estados Unidos e em cerca de 30% na Europa. O Ministério da Saúde do Brasil, apesar de recomendar o seu uso seletivo, não determina a taxa ideal a ser atingida. Estima-se, por alguns autores, que uma frequência ótima deveria situar-se entre 10 a 30% do total de partos vaginais. A técnica não impede o aparecimento da dispareunia ou melhora a função sexual da paciente no período pós-parto. Muitos autores associam a episiotomia a um nível maior de dor e que não há diferença significativa entre o aparecimento de incontinência urinária nas mulheres submetidas ou não a episiotomia. De modo que a aplicação rotineira dessa técnica não diminui a dor ou previne incontinência urinária. Nenhuma pesquisa de qualidade adequada demonstrou que a episiotomia reduziria o risco de laceração retal ou diminuiria o tempo de cicatrização. Nenhum estudo apoiou a episiotomia rotineira como uma intervenção protetora para incontinência anal. Esse procedimento não teve efeito protetor nem causador sobre o prolapso urogenital. Conclusão: Evidenciou-se que a episiotomia deve ser restringida a casos específicos. A educação e atualização médica, a inclusão da equipe de enfermagem no cuidado ao parto, a adoção de boas práticas e a redução das intervenções durante o parto resultam em um número reduzido de episiotomias. Vale ressaltar também a importância da técnica correta quando o procedimento for empregado, uma vez que a falha em realizar a episiotomia ou o seu reparo quando há uma indicação pode ser tão prejudicial. Devido a frequência das complicações da episiotomia, as mulheres devem receber instruções sobre cuidados com a ferida e reconhecimento dos sinais de infecção. Um melhor cuidado durante a realização da episiorrafia seria uma medida para evitar a dispareunia. Fala-se sobre o uso de compressas quentes e massagens no períneo antes do parto; estudos conduzidos com hialuronidase, tendências sobre as posições adotadas no parto vaginal, em que a paciente deixaria de ser colocada em litotomia, confortável para o médico, e passaria a adotar posições como agachada ou de pé.  Ambas consistem em novas técnicas estudadas para auxiliar o canal do parto a responder melhor, sem necessidade da episiotomia.