NOVO ENSINO MÉDIO E VELHAS CONTRADIÇÕES: ENTRE A RETÓRICA DA REFORMA E A REALIDADE DA DOCÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA

Resumo

A pesquisa analisa os impactos do Novo Ensino Médio sobre a prática docente na disciplina de Língua Portuguesa, com ênfase nas contradições entre o discurso oficial de modernização e as realidades enfrentadas pelos professores na escola pública brasileira. O estudo tem como objetivo compreender como a flexibilização curricular, os itinerários formativos e a centralidade da Base Nacional Comum Curricular têm afetado o ensino da linguagem em sua dimensão crítica, estética e identitária. A investigação utiliza abordagem qualitativa de caráter teórico e bibliográfico, fundamentando-se na análise de documentos legais, artigos científicos e reflexões acadêmicas produzidas nos últimos anos. A pesquisa observa que a retórica da reforma oculta processos de fragmentação do conhecimento, precarização das condições de trabalho e esvaziamento dos conteúdos formativos da disciplina. A análise revela que a autonomia docente vem sendo enfraquecida por políticas normativas que impõem padrões pedagógicos e administrativos distantes do contexto escolar. Identifica também a exclusão progressiva da leitura literária e da literatura regional nos espaços escolares, comprometendo a valorização das identidades e das experiências locais. Conclui-se, de forma preliminar, que o Novo Ensino Médio tem operado como instrumento de padronização e controle curricular, em contraste com os princípios democráticos e formativos que deveriam orientar a escola pública. A valorização do ensino da linguagem, em especial de sua dimensão simbólica e cultural, emerge como um caminho possível de resistência às imposições tecnocráticas da política educacional contemporânea.

Palavras-chave: Currículo; Docência; Ensino de Língua Portuguesa; Identidade; Reforma educacional.